terça-feira, 5 de outubro de 2021

E por falar em violência doméstica ...

Nas Varas de Família, em  processos de divórcio ou dissolução de união estável,  vemos  com uma certa frequência  a informação da existência de  violência  doméstica praticada pelo companheiro ou  marido contra a mulher, na maioria  das vezes  de clientela  assistida pela  Defensoria Pública. Isso não implica  em dizer  que a violência  doméstica  somente existe  nas famílias de baixa  renda, apenas  nas  classes  sociais  mais elevadas  há  uma tendência em esconder ou camuflar  tal fato, há mais  hipocrisia  social nesse  seguimento. 

Na Netflix há  uma ótima série  sobre  esse tema, inspirada  no livro autobiográfico da      escritora  Stephane Land, que se  tornou best-seller. A série "Maid" (faxineira em inglês),  tem 10 episódios e uma só   temporada. 

Maid  conta a história de Alex (diminutivo de Alexandra), que no meio de um relacionamento abusivo,  onde há muita violência psicológica por parte do companheiro alcoólatra, luta pela sua sobrevivência e para sustentar  a  filha de 3 anos, trabalhando  duro como faxineira  após  fugir da residência  onde  vivia  com o  agressor, quando o  abuso  emocional evoluiu para agressão física.

Como na maioria dos  casos,  a protagonista  repete em sua trajetória o ciclo familiar de violência doméstica, assim como seu companheiro e  agressor. Ambos são originários de famílias  onde  havia relacionamento abusivo entre  seus pais. No entanto, os dois têm consciência, ela mais do que ele,  que  o ciclo não deve se  repetir  com a  filha  e  Alex  faz o possível para  poupar a menina dos traumas  que os filhos  podem carregar em razão   disso. 

Alex, ao fugir da casa onde  vivia com o companheiro agressor, sem ter  onde morar  busca  ajuda governamental  e refugia-se  em  um abrigo de mulheres  vítimas de violência doméstica,  onde passa  a  residir com a filha. Enfrenta  muitos  obstáculos  e  chega a perder a  guarda  da  filha  por um breve período, numa batalha  judicial  com o  ex-companheiro,  conseguindo reaver o convívio com a  filha  em regime de guarda  compartilhada. Algum  tempo depois  consegue  uma  vaga  numa  escola  universitária em outra  cidade  e  por este  motivo  retorna  à  batalha judicial, para  tentar a  guarda unilateral.

Despois de enfrentar uma  série de acontecimentos adversos, ela  consegue  a  guarda unilateral,  entrando em  consenso com o pai da menina. Muda-se para  outra  cidade onde passa a viver  com a  filha,   para  cursar   faculdade  e   aprender a   ser  escritora. 

A história é  emocionante, apesar  de ter uma  vida muito sofrida Alex  jamais  perdeu a  esperança  e  no meio do caminho  encontra pessoas  que a  ajudam  a  superar os  obstáculos. 

Como a série  é baseada  em fatos  reais, é interessante fazer uma comparação entre o sistema  assistencial  à mulher vítima de  violência  doméstica  em  um país  do primeiro mundo e um país emergente, como o Brasil. 

O abrigo onde Alex passou a  viver  em um breve período, quando  fugiu de  casa  com a  filha  somente  com  a  roupa  que  vestia,  lhe  deu  toda assistência  que  precisava de forma  emergencial e  temporária:  um lugar para  viver com a filha durante um certo período  até encontrar uma residência para morar, alimentação, roupas e terapia  grupal  com outras  mulheres  também  vítimas de  violência  doméstica.  Sem essa  ajuda e  de pessoas  amigas que ela  encontra  ao longo da  sua trajetória,  certamente  Alex  não  conseguiria  dar  a  volta por cima e  se  tornar uma  mulher  realizada e  independente. 

Finalizando,  quero me desculpar pelo spoiler, foi inevitável :) .


         ( Por Tânia Regina Sousa)

          

Imagens  encontradas no Google imagens,  de cenas da série Netflix " Maid".


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