domingo, 4 de dezembro de 2011

O papel da cultura na vida do Juiz


Mais de 20 Magistrados de todo o País se reuniram, nesta sexta-feira (2), durante o 1º Encontro Nacional de Diretores Culturais da AMB. O evento, que tem o objetivo de fortalecer o comprometimento e envolvimento dos Magistrados das Associações estaduais ligados à cultura, acontece, até este sábado (3), em Curitiba.


O papel da cultura na vida do Juiz
 
A área cultural da magistratura, seja nacional, seja mundial, tem uma tarefa a cumprir.
As nossas associações valorizam, como deve ser, as questões políticas, quero dizer, vencimentos, previdência, garantias institucionais e as melhorias do Judiciário para uma prestação jurisdicional mais cidadã. E valorizam menos o fazer cultural artístico, quero dizer, oportunizar espaço para o pensamento artístico e filosófico.
Nós, magistrados, fazemos, agimos. Mas a reflexão que fazemos desse agir restringe-se, via de regra, ao exame político-institucional sob a ótica do jurídico.
Falta a visão do artista e do filósofo, eis que trilham caminhos muito próximos.
Por que falta a visão do artista?
Porque aquele que escreve literatura, que filosofa, que pinta, esculpe ou compõe música, ou o usuário habitual da cultura artística - leitor, frequentador de galerias ou teatro - é dotado de linguagem burilada na exposição do pensamento, quero dizer, desenvolve linguagem literária ou pictórica, que melhor transmite suas ideias. Aprofunda a visão sobre o assunto abordado através da sua sensibilidade e, principalmente, mantém-se comprometido com a verdade real, sem compromissos, institucional ou corporativista; ou não é artista.
A humanidade em geral, a magistratura em particular, necessita da participação efetiva dos nossos artistas. E é nesse sentido, e com essa intensidade, que consideramos a importância das diretorias e secretarias culturais, por vezes relegadas ao segundo plano, quando não incorporadas em outras atividades.
Isso vale para a magistratura e vale para todos os demais setores da atividade humana, o que incluem os governos, que têm verbas para viagens, cargos em comissão, obras nem sempre preferenciais; mas sonegam apoio material, efetivo, para a área cultural.
Despertar o artista magistrado traz duas consequências principais:
1) permite que ele externe seu pensamento diferenciado sobre a magistratura - magistratura inserida no fazer do homem e do mundo;
2) o magistrado sente-se feliz por encontrar espaço para completar-se como ser humano.
E há um terceiro estágio:
é a cultura que possibilita ao homem humanizar-se e conceber o mundo do qual participa, e onde emite julgamentos. É através da cultura que ele escapa do labirinto, escala a montanha e divisa o vale; além do vale, o rio; e depois do rio. É através das manifestações culturais que o artista recolhe o fazer do povo, as suas dificuldades, suas aspirações, seu trabalho, sua política. Depois o artista pensa essas revelações e as devolve como um todo, estabelecendo a síntese. E o juiz, assim culto, julga mais próximo da realidade.
Um artista sem espaço para sua obra é uma pessoa partida ao meio.
Esse é o objetivo e compromisso do Encontro Nacional dos Diretores Culturais, em Curitiba, dias 1, 2 e 3 dezembro próximo. Promoção da AMB com a parceria das entidades estaduais.

(*) Diretoria de Cultura da AMB


Fonte da imagem: AQUI