domingo, 16 de dezembro de 2018

De onde sou?

Fui concebida em Palmeirais-PI, mas  nasci  em Teresina, capital. Meu pai nasceu em São Francisco do Maranhão e minha mãe em Amarante -PI. Meu avô paterno era de Angical  e minha avó de  Palmeirais.  Meus  avós  maternos eram de  Amarante.


Amarante-PI

Palmeirais-PI

Vivi em Palmeirais  até os  9  anos de idade e  em Teresina, minha  terra  natal, desde essa  idade  até  hoje, passando períodos  em outras  cidades  do interior do Piauí,  onde  residia  por  algum tempo no exercício da minha profissão, entre elas Parnaíba onde  morei   durante  9  anos.


Parnaíba -PI


Teresina -PI

De onde  sou?  Talvez não seja de  nenhum  desses  lugares  citados,   talvez  seja de  todos  eles ... Por pura  pretensão prefiro ser  uma cidadã do mundo,  um ente humano do planeta  Terra,  do Sistema  Solar, da galáxia Via Láctea, uma filha  do Universo.

 De onde   eu vim, para  onde  vou, o que  estou fazendo aqui? Perguntas que me  faço desde  que  deixei de ser  criança, ainda  pré adolescente, por volta  dos  onze anos de idade, quando tive  minha primeira   crise  existencial. Desde  então  tenho procurado  estas  respostas  e  até  agora  somente  encontrei  a  resposta da  terceira indagação: sim,  estou  aqui para  evoluir e  como disse   o  filósofo  grego,  de  tudo que  aprendi  até  hoje  " só  sei que nada  sei ". 

Quando me perguntam de onde  sou respondo que sou teresinense com raízes  familiares em Palmeirais, Amarante e Angical do Piauí.

Da minha infância em Palmeirais - onde fui  feliz  graças à  formação e  amor da  minha  família, tanto do lado materno, como paterno - lembro de alguns  fatos e  personagens. Lembro da  Gregória, a louca da cidade, que às  vezes passava na nossa  casa pedindo algo para  comer; lembro dos picnics promovidos pela minha mãe  no riacho Corrente, onde  havia uma bela  cachoeira; lembro  também dos  banhos  no riacho Cadoz  e  nas  "coroas "  do Rio Parnaíba (banco de areia  formados no meio do  rio  no período de  seca, como uma praia fluvial), que  banha a  cidade de  Palmeirais.

Lembro do bairro Pedra da Luz,  bonito nome  dado ao bairro  cuja  origem  não sei  dizer; lembro, ainda,  com saudades,  do coreto da Praça Mal. Deodoro da Fonseca, o coração da  cidade,  onde  nossa  casa  era  situada  e retratada na foto  acima.

Lembro  do Colégio Rio Grande do Norte, onde aprendi as primeiras letras,  dirigido  por  minha mãe por um período, que  também  lecionava nessa  escola; lembro do Dr. Laurino e  do Dr. Jeremias, únicos  dentista e  médico da  cidade naquela  época; lembro também da professora Antônia Bonfim, que me  alfabetizou.

Lembro da  minha  mãe  ensinando  francês  no  colégio  ginasial  de Palmeirais (se  não me  engano  tinha o nome de  Escola Ginasial Avelino Lopes). Ela  ensinava  aos  seus  alunos  o hino da França, " la Marseillaise "  e  eu, ainda   criança, gostava de  vê-la  do lado de  fora ,  recostada no  parapeito da  janela  do prédio dessa  escola que  ficava  bem próxima da  nossa  casa,  tão  jovem e linda  ensinando aos  seus  alunos ginasianos este  idioma.

Lembro da  Dona  Jesus, proprietária de  uma " pensão  familiar " ( pequena  pousada ), cujos  olhos  fundos e cheios de  melancolia  me  recordo até  hoje; lembro da  venda do "seu" Zezé e do bazar  do "seu" Joãozinho, ambos  situados  na praça  Mal. Deodoro.

Lembro do Marcolino  que  trabalhava na  farmácia de  um  tio  meu, situada  na esquina da  casa  da  nossa  família; lembro da  Dorinha, a  locutora  da  " amplificadora " ( alto falante instalado na praça principal,  cujo estúdio ficava em uma  sala  no prédio da prefeitural municipa) e das  pessoas  passeando à  noite  na praça central, ouvindo as  músicas  que ela  selecionava  com  tanto  esmero: " a mesma  praça, o mesmo  banco, as mesmas  flores do mesmo  jardim ... "

Lembro,  por fim,  da  última  vez que  fui a Palmeirais, há  aproximadamente  sete  anos. Não sei  o motivo pelo qual  fiquei  triste  naquela  ocasião,  quando  estive na  cidade  das  minhas  raízes  familiares e  onde passei parte da minha infância. Até  agora  aquele  sentimento de  suave  melancolia  me acompanha  quando me  recordo  dessa  visita a Palmeirais e por isso  não senti  mais  vontade de  retornar.  E  desde  então  sempre  lembro do   povo de Palmeirais  nas  minhas  orações  diárias, oro por  ele.

Sei que  um dia  retornarei. Sei  que  terei de  tomar  posse  de uma parte de mim que  ficou em Palmeirais  desde  aquela  última  visita. Sei que  tenho de  resgatar  memórias  afetivas e  esse  resgate significa  uma  vontade  de  fazer  valer  sonhos  e projetos  de  minha mãe  e  do meu pai.

Há  uma  parte   do livro "Bagavhadi-Gita",  onde  está  transcrito o  diálogo  do guerreiro Arjuna  quando este  pede  aconselhamento  a Krihsna,  que descreve bem  este   meu sentimento. Deixo para  os leitores  pesquisarem sobre  isso  e  descobrirem o  seu  significado,  só   adiantando  que   referido  diálogo  trata  de  forma  alegórica/metafórica   do  crescimento da alma  do  ser  humano e  da  nossa  evolução  espiritual.