domingo, 8 de novembro de 2015

Diário do Caminho Inca ( parte 2 )


4º, 5ºe 6º dias  (  2 , 3 e 4 de Setembro de 2015 )




Pronta para  alçar vôo
 
No quarto dia da jornada inca acordamos por volta das 5:30 horas e após o café da manhã ficamos aguardando o  micro ônibus que nos levaria para o passeio no Vale Sagrado, com destino ao vilarejo de Aguas Calientes, onde está localizada a cidade inca no topo da montanha de Machu Picchu. Nossa jornada foi a mais cômoda, por meio de transporte terrestre (ônibus e trem), com intervalos de caminhadas nos sítios arqueológicos e na subida e descida da montanha de Machu Picchu. Entretanto  os turistas mochileiros  fazem todo percurso do Vale Sagrado caminhando,  de Cusco a Águas Calientes, indo  até Machu Picchu. Esse trajeto dura aproximadamente  5 a 6 dias de caminhada, dependendo  do ritmo do  viajante.

Viajamos pelo Vale Sagrado com o mesmo grupo dos passeios anteriores, formado por pessoas de várias localidades do Brasil: dois casais de São Paulo-SP, pai e filha de Belo Horizonte - MG, outro casal de Campinas - SP, uma moça de Joinville-SC e outra de Santa Maria -RS, além de mim e minha irmã, de Teresina -PI e mais cinco pessoas, cujos lugares de origem não recordo agora.



Companheiros da Jornada Inca
 
O Vale Sagrado é uma região muito fértil, banhada pelo rio sagrado dos incas, chamado no passado de Willcamayu (rio sagrado) e hoje de rio Urubamba. A área denominada de Vale Sagrado se prolonga por mais de 100 km, nas proximidades de Cuzco, entre Pisac e Machu Picchu. Está a uma altitude média de 2.800 metros acima do nível do mar e apresenta uma rica flora e fauna, além de temperatura agradável. Nesse vale há inúmeros riachos que nascem das cordilheiras nevadas que o rodeiam, onde existem  muitas  cachoeiras por entre os bosques nativos mais altos do mundo (4.200 metros de altitude ), provendo-o de águas em abundância e alimentando o rio sagrado.

 
No Vale Sagrado
 
Nosso passeio pelo Vale Sagrado  teve como    paragem  inicial   o monumento arqueológico de Pisac, com trilhas íngremes   além de   inúmeras subidas e descidas nos  degraus  das  ruínas. O dia estava bem agradável,  pouco  frio e  meio  ensolarado.  Fomos no final do inverno, estação bem propícia, pois   chove  muito pouco  nesse período e a temperatura fica em torno de 3 a 18 graus. Depois de percorrermos as trilhas de Pisac, paramos no povoado de Ollamtaytambo, num local bem aprazível onde  existe  criação de animais típicos da região, como o  lhama e a alpaca. Estes belos animais   estão  presentes em todo Vale Sagrado, enfeitando ainda mais a linda paisagem andina.
 
Lhama
 
Alpacas
 


Trilha de Pisac
 
Antes de chegar ao nosso destino, a cidadela de Águas Calientes, paramos em um lugarejo chamado Chimchero, onde há um mercado de artigos   artesanais, bem como algumas lojas de joias   feitas   com  pedras preciosas e semipreciosas. Nesse local aproveitamos para fazer um lanche e tomar   chá de coca. Por volta das 13 horas chegamos em Águas Calientes, onde ficamos hospedados numa  linda pousada, construída em um antigo convento abandonado. O almoço, com música ao vivo e deliciosa culinária peruana, foi bastante animado, pois nessa altura da viagem o grupo já estava mais entrosado e algumas amizades já se delineavam.
 
À noite, para amenizar a dorzinha de cabeça causada pela altitude, tomamos  bastante  chá, o que nos deixou  bem energizadas na manhã seguinte. Acordamos por volta das 4:30 hs e após o café da manhã seguimos  em  uma  van  para a estação do trem panorâmico vistadonte, que nos deixaria na entrada da cidade de Machu Picchu. No trem conhecemos um  arqueólogo  espanhol que havia feito no ano anterior o Caminho de Santiago. Ele nos falou um pouco dessa experiência e nos deu algumas dicas, pois tanto eu como minha irmã pretendemos fazer  algum  dia  o Caminho de Compostela.
 
No  trem panorâmico de Vistadonte


A viagem no  trem panorâmico  é muito agradável, pois todo percurso é feito margeando o rio sagrado. O cenário é magnífico, a natureza é muito pródiga naquelas paragens. A viagem   durou aproximadamente 1 hora e  meia. Quando chegamos na  entrada de Machu Picchu  já senti  a emoção de estar  prestes a  realizar a  subida   da   "Velha  Montanha". O burburinho das pessoas de inúmeras nacionalidades, raças, idades e credos;  a energia contagiante, o sentimento de unidade. Tudo isso faz com que a experiência de subir a  montanha de   Machu Picchu seja especial.
  
Nosso guia, que se chamava Ronaldo, muito simpático logo nos denominou de  turma do Ronaldinho, numa alusão ao famoso jogador de futebol brasileiro. No início da caminhada na  trilha de Machu Picchu  a emoção é indescritível. O sentimento de que a HUMANIDADE é UMA UNIDADE (somos todos  UM ) é predominante. Sentimentos afloram:  saudades dos  entes  queridos,  vontade de abraçar todos que ali estão, reflexão sobre alguns pontos obscuros da  nossa  alma  e  o sentimento de  SOLIDARIEDADE   inundando   nosso Ser.

Em meditação

 
Num certo momento, quase  no final da  caminhada,  vi um pequeno pássaro, talvez um pardal, fazendo rodopios em volta de outro e achei que era um casal de passarinhos num   namoro ou cortejo em pleno ar . Procurei chamar  a  atenção dos demais companheiros de  caminhada, mas todos estavam concentrados, ouvindo as explicações do guia sobre a história  do povo   inca. Minha irmã foi a única que ouviu o meu chamado e também presenciou quando os dois passarinhos, um após o outro, entraram em um buraco entre as pedras. Fiquei imaginando o que eles fariam dentro do buraco da pedra. Será que iriam construir um ninho?

Desde  que  chegamos em Cusco e  durante  todo percurso do Caminho Inca, os versos  da  música  "Volver a Los 17", da Violeta  Parra, interpretada  por  Mercedes  Sosa,   afloravam  com  frequência  na minha mente, de  forma que  vez  ou outra  eu cantarolava  baixinho, para  mim mesma :

"El amor es torbelliño de pureza original
( O amor é um torvelinho de  pureza original)
Hasta el feroz animal sussurra  su dulce trino
( Até o feroz animal sussurra  seu doce trino )
Detiene a los peregrinos, libera a los prisioneiros
( Detém os peregrinos, libera os  prisioneiros)
Só el amor con sus esmeros al viejo lo vuelve niño
( Só o amor  com  seus esmeros , o velho   torna  um menino )
Y al malo sólo el cariño lo vuelve puro y sincero
( E ao mal só  devolve  carinho puro  e  sincero )
 
Se va enredando, enredando
(Vai se  envolvendo, envolvendo)
Como en el muro la hiedra
( como a hera no muro )
Y va brotando, brotando
( E vai  brotando,  brotando )
Como el musguito en la piedra
( Como o  pequeno musgo na pedra )
Como el musguito en la piedra, ay si, si, si"
( Como o pequeno  musgo na pedra, ai , sim, sim ,  sim )

 

 Durante a caminhada observei  que em alguns lugares  havia uma leve  camada  de musgos verdes  nas pedras dos  monumentos  da  cidade  inca, como  uma  relva,   e  minha irmã  dizia  que  meus  olhos  tinham a  cor daquelas  montanhas. Ela  também,  vez  ou outra,  cantarolava  uma  musiquinha  que  compôs  durante a  jornada, cujos  versos  iniciais  diziam : " Vamos  subir la sierra, vamos  subir la sierra/ Vamos  subir la  montaña,  la montaña es nuestra amiga... "

A descida da montanha foi menos cansativa e retornamos para a estação do mesmo trem panorâmico, onde seguimos até a cidade de Cuzco, numa viagem muito  agradável com   trajeto sempre   margeando o rio Sagrado. Chegamos em Cuzco por volta das 20 horas e só tivemos tempo para pegar a bagagem que ficou no hotel, tomar banho e terminar de  arrumar nossas  malas, pois viajamos para Machu Picchu apenas com a mochila e uma pequena bolsa com o essencial  para o pernoite na pousada em Águas Calientes e antes de subir a montanha  deixamos a bolsa em um maleiro da estação, levando apenas a mochila na caminhada  nas   trilhas da cidade inca.

 Depois  de recebermos  nossas  malas  e nos acomodarmos novamente  no  mesmo  hotel,  com  a bagagem já  pronta,  nos  recolhemos  para  o repouso noturno pois  estávamos  bastante  cansadas.  Na  madrugada do dia seguinte pegamos  o vôo de  retorno a Teresina, partindo de  Cuzco   com conexões  em Lima e Guarulhos. No aeroporto de  Cuzco, ao adentrar  a aeronave,  avistei o  comandante do vôo que se encontrava na entrada e cujo sotaque demonstrava  ser   peruano. Ele   me cumprimentou desejando   "buenos dias"   e perguntou: - Brasil? Eu respondi ao cumprimento e confirmei: - Sim, Brasil. Quando já estávamos sentadas dentro do avião, houve uma pausa da musiquinha peruana e ouvimos a versão em inglês  da música  brasileira de  autoria   do Tom Jobim,  "Garota de Ipanema", interpretada  por  Diana Krall ( The Girl  from Ipanema ).
 
A viagem de retorno foi bem tranquila, apesar do chá de aeroporto em Guarulhos, onde permanecemos por mais de  8  horas aguardando o vôo para Teresina. Aqui chegando, continuei a sentir por mais de 10 dias  a energia adquirida no caminho inca. Somente decorrido o período de   duas semanas  voltei à realidade, agora com novo projeto para   daqui a aproximadamente dois anos, retornar  e   percorrer as trilhas da montanha mais alta, Waynna Picchu, a " Jovem Montanha " .

 

***


Obs: Post reeditado em 11/11/2015
 

sábado, 7 de novembro de 2015

Diário do Caminho Inca ( Parte 1 )

Machu Picchu
 
1º  , 2º  e 3º   dias   ( 30 /31 de  agosto e  01 de Setembro de 2015  )


 
Após  a  natural ansiedade da  partida, eu  e minha companheira  de  viagem  ( irmã mais  nova) ,   finalmente  relaxamos na  chegada a  Lima .  O  receptivo  demorou um pouco  no  aeroporto da  capital  inca   e   aproximadamente   uma  hora  após o  desembarque fomos  transportadas para  o hotel  numa  van . Chegamos em Lima  no horário  do  almoço e   logo  depois  que   deixamos a  bagagem no  apartamento  nos  dirigimos   ao  restaurante  do  hotel . A  culinária  peruana é   considerada  uma  das  melhores  do mundo  e    está  em primeiro  lugar na preferência  dos  chefs  da  América  Latina .  Escolhemos  uma  refeição leve , frutos  do mar ,  e  saboreamos  com prazer . 
 

Depois do almoço  descansamos  por  duas  horas  e no final  da  tarde nosso  guia  nos  levou  para  o city tour  noturno . Nos  surpreendemos  com a  beleza  da  arquitetura  colonial  do  centro de Lima ,  cujo  patrimônio cultural  é   de  uma  riqueza  indescritível . 


TJ de Lima

Palácio do Governo ( Lima )
 
Findo o  city  tour  o  guia  nos  deixou  em  um  restaurante  para o jantar  .  O  prato  a  base  de  frutos  do mar  estava  delicioso e   exagerei cometendo o pecado da  gula.  Não  deu  outra:  à  noite  senti  os  efeitos  disso  e  passei  mal .  Talvez  a  elevada  altitude  também  tenha  causado  a  indigestão.  O  fato  é   que  não  tive  condições  de  acordar  às  3  horas da  manhã, para o embarque    do  vôo  com  destino a  Cusco .  Assim  tivemos de providenciar  a mudança  de  horário  do  vôo  e  no  dia  seguinte  seguimos  para  Cusco chegando  lá  por  volta  das 13  horas. Tomamos  um susto no momento da  chegada ,  pois o pouso  foi arremetido e  o avião em certo momento  ficou meio inclinado , fazendo  voltas  entre as montanhas  da  região  andina. No final  do pouso  e  passado  o perigo , todos  aplaudiram  a perícia do piloto ,  como  é o costume .

Chegando em Cusco ,   após o almoço  leve e  delicioso   regado  a  chazinho de  coca  que  ajuda  o  organismo a  superar o   " mal de  saroche "  ( como chamam os  sintomas causados pela  elevada   altitude ), fomos  descansar  por  duas  horas, período recomendado  para  adaptação  da mudança de   altitude . Tudo  muito  agradável. O povo  peruano  é  muito  receptivo  com  os  turistas,  especialmente os  brasileiros.
 
 
 

 
À  noite  fizemos  um passeio  pelas  lojas  e  feira  de  artesanato,  bem próximas  ao  hotel onde  nos  hospedamos.  Compramos  alguns  artigos   do  artesanato inca  e  casacos de  alpaca ,  retornando ao  hotel, pois  já  estávamos  sentindo  os  sintomas  da  altitude  de  mais de  3.500 metros  acima  do nível do  mar . Tanto  eu  como  minha  irmã  dormimos  pouco, pois  a  dorzinha de  cabeça  ( principal  sintoma  do mal de   saroche )  , nos  incomodou  bastante . 
 
Na  manhã  seguinte fomos  ao passeio  no Parque  Arqueológico  Saqsaywaman que  é palco de um festival anual durante o solstício de inverno  ,  cuja  maior  atração é  o templo da  Pachamama ( Mãe  Terra).  Subidas e  descidas  pelos  degraus  dos  monumentos  arqueológicos,  dando  início  à  jornada  inca . Temperatura  em  torno de   8  graus, com  sensação  térmica menor  devido  a  leve  brisa. O dia estava meio   ensolarado , mas  com  um pouco de  chuviscos no início da  manhã  ( sol e  chuva, casamento da viúva )  e  a  caminhada  pelas  trilhas  do  parque  já  foi  o treino  inicial para  a subida  na  montanha de   Machu Picchu  dois  dias  depois .  Sol ,  brisa  suave, tempo bom  com   friozinho  ameno,   cenário da  natureza  de  tirar o  fôlego,  o conhecimento  de um  patrimônio cultural   de  imensa  riqueza ,  um povo simpático,  hospitaleiro e  receptivo . Perfeito?  Quase ...  Teve  uma  pequena pedra  no meio do caminho, de  forma  que  o passeio desse  dia  foi  quase  perfeito. 


Saqsaywama




No  terceiro  dia  fomos  conhecer ,  junto  com o   mesmo  grupo  do  passeio  anterior ,  o centro cultural  de  Cusco , quando pudemos  verificar  como  o povo  peruano  tem orgulho  das  suas  raízes  incas .  Onde  andamos  o fundo  musical  era  a  música  andina ,  tocada  através  da  panflaute,  o instrumento  musical  típico do  Peru.  No  Mercado  Central  de  Cusco  compramos  algumas  caixinhas  com  sachês  de  mate coca , a  erva  medicinal   considerada  sagrada  pelo  povo  peruano,  pois  é  a  responsável pela  resistência   que  esse  povo  tem  vivendo a 3.500  metros  acima do  nível do mar , aliada  a  uma  alimentação  leve  e   rica  em  leguminosas,  grãos  , frutas  , verduras  e  frutos  do  mar.  Por  incrível  que pareça  , não  vimos  nenhum  peruano muito gordo ou  obeso,  todos  têm  uma  compleição  física  magra  ou  mediana. Com certeza  a  alimentação  saudável  é  um fator  determinante para  esse  biotipo.


Retornando  do  passeio  ao  Centro  Cultural de  Cusco e   após um  banho  revigorante ,  fui sozinha  fazer  algumas  compras  nas  lojas   próximas  ao hotel , pois  minha irmã  já  havia feito logo que chegou  do passeio, antes do banho .  Depois  fomos  jantar  com  música  ao vivo ,  no  restaurante do  hotel  e   um  dos  artistas   se  aproximou  da  nossa  mesa  para  nos  vender  o  CD   das melodias  que tocavam . Eu  comprei  um  de músicas  românticas, para  presentear  minha  mãe.   Na  hora de  pagar  me  confundi e  dei  uma  nota de  50  dólares pensando  que  era 50  soles . O  músico  peruano  ao dar  o troco   me fez ver  o  equívoco , demonstrando sua  honestidade.  Minha  irmã  estava  apressada  para  recolher-se  e  descansar , por  isso  nos  despedimos  do músico  nos  desculpando   pela  pressa  ,  pois  notamos que  ele  se  aproximou  também para  trocar ideias. Lamentei  não poder  conversar  mais  um pouco  com o  simpático  e  "guapo"   músico  peruano .  No dia  seguinte  teríamos  que  acordar bem  cedo,  para  o  passeio  no  Vale  Sagrado , a  caminho de  Águas  Calientes  ,  lugarejo  onde  está  localizada  a  cidade  inca  no alto da  montanha de  Machu Picchu .


(  Continuação do  Diário da  Jornada  Inca , no Vale  Sagrado e  nas  ruínas da  cidade  Inca de  Machu Picchu ,  4ª , 5º e  6º  dias ,  no post  seguinte  . Clique  AQUI  )


 


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Dia dos Namorados

Hoje  quero  homenagear os  enamorados e  para isso  selecionei  três  músicas  que tratam das  diferentes  fases do  amor  ou formas de  amar. A primeira música  é bem antiga  e  fala da  descoberta  do  amor  .

Una Lacrima Sul Viso ( Bob Solo )


 
 
A segunda  fala de um novo amor encontrado  após um período de " hibernação amorosa", quando  já considerávamos  nosso  coração  aposentado e    acostumado  com a  solidão .
 
Ainda Bem ( Marisa Monte )
 
 
 
A terceira é  especial ... Lembro que na minha primeira infância  fui  embalada ao som de Noturno. Não recordo  muito  bem se  era a  doce  voz da minha  mãe  ou da  minha  avó materna  , que descobriram ( ou inventaram)  uma letra  para a  canção  Noturno  ( de  Chopin )  ,   cujos  primeiros  versos  diziam :
 
"O amor é alegria
Sem ele a  vida é  tão  vazia  ..."
 
Lamentavelmente  eu não me  recordo  da  poesia inteira . Só sei que  em toda  minha  vida não  ouvi canção mais  bela  que  fala de  amor  ( mesmo sendo uma  canção  instrumental ) ,   que  Noturno de  Chopin .
 
Noturno ( Opus 9  ) , por Tiffany Poom
 
 
 No   Arte Imita a Vida , há  um post  sobre as faces do amor  . Para cada face de Vênus, a deusa  do amor,  um estado diferente de viver a afetividadade, retratado em uma poesia . Clique  AQUI   e  descubra  qual fase  do amor  você  está  vivenciando .
 
 

domingo, 25 de janeiro de 2015

A história de um livro de Teosofia


Hoje  é um  desses  domingos , como tantos  outros,  que prefiro  ficar em casa lendo  algum livro,  vendo  algum filme  ou  mesmo  sem fazer  nada, só matutando ou pesquisando na internet.  Será isso o que  chamam ócio  criativo ou proativo?  Ou ócio passivo? Não sei a  resposta... Só sei  que isso me  faz  bem. Bom ,  então  resolvi  procurar  um livro para  ler e escolhi um livreto  de pouco mais de 125 páginas, para  reler pela " trocentésima " vez  , de  autoria do Ricardo Lindemann  e Pedro  Oliveira  ,  " A Tradição Sabedoria, Uma Introdução  à  Filosofia Esotérica "  .

 


Este livro  tem uma  história. Ele me  foi  dado pelo  autor , Ricardo Lindemann ,  quando  esteve  aqui em Teresina , no ano de 1996 , para  ministrar  um curso de  Teosofia . Nessa  época  eu  estava iniciando  meus  estudos  teosóficos  e  participei do curso de  três  dias . Pois  bem, terminado o curso  iniciei a  leitura do livro. Li a  metade  em uma  noite ( tenho leitura  dinâmica ) e deixei para  terminar  no dia  seguinte. No outro dia quando procurei o livro para  continuar a  leitura  ( deixado  em cima do sofá  cama, no quarto de  estudos )  ,  verifiquei que  estava encharcado de  xixi  de  gato. Sim,  meu  gatinho persa - que se  chamava  Theo  e  que  tinha  uma  companheira , outra  gatinha  também persa e   branquinha , chamada  Sophia -  havia  andado por  ali e  resolveu  marcar território  em cima do  meu livro .  Bahhh... fiquei  bem  chateada  com o bichano! Dei uma  bronca  nele , mas  o gatinho  nem  se  tocou, apenas  olhou para  mim  com  aquele olhar  felino de  pouca importância  ao  que  ouviu .
 
Theo

Sophia

Peguei  o livro, passei  nele um pano úmido  com solução de água , água , vinagre, desinfetante e água sanitária. Passei ainda , álcool gel, perfume spray, desodorante, mas  nada  de  tirar o  cheiro  terrível de urina de  gato no cio .  Não teve  jeito, tive de  abandonar a  leitura , mas  fiquei sem  coragem  de  jogar o livro  fora. Coloquei-o  dentro de  uma   bolsinha de  plástico, hermeticamente  fechada para  não  espalhar o odor nos  arredores   e  guardei  dentro da  estante.  Isso  foi em  1996 . Passados  alguns  anos,  mais de   dez  anos para  ser mais  precisa,  encontrei o livreto  na  mesma  estante, dentro da  bolsinha. Retirei-o  da bolsa  e para  minha  surpresa  não mais estava  com  mau cheiro, apenas com manchas na capa e nas primeiras folhas . Dei um novo  trato nele,  limpei  as  folhas manchadas, uma por uma ,  novamente  com  algodão  embebido  em álcool e  depois  com  perfume spray e ficou bom. Revesti a capa  com plástico adesivo transparente  e adesivei com o mesmo plástico a folha  da  dedicatória, pois estas páginas  eram as  que apresentavam manchas amareladas. Pronto,  já poderia  continuar a  leitura  iniciada  há  mais de  dez  anos. Na verdade  reiniciei   a leitura  desde o começo  do livro e   num fôlego li as  126  páginas .

E o gatinho Theo e  sua  companheira Sophia? Ambos  já  não  estão  mais  aqui , morreram de  forma  trágica e  foram  enterrados  na mesma  cova, no cemitério  de  animais do Hospital Veterinário da UFPI . Agora  temos  outra  gatinha  persa  cor de mel. Quando Theo e  Sophia  morreram  decidimos  adotar  outro  bichano da  mesma  raça . E hoje , relendo mais uma vez  o livro de Theosophia ,  relembrei  com  saudades  do gatinho Theo e  sua  companheira  Sophia, os quais  foram tema  de  outra  postagem  do  blog Arte Imita Vida , " Theo e Sophia " .


*Este  texto  também  está  publicado no  blog ARTE IMITA VIDA