sábado, 20 de setembro de 2025

SOBRE O AUTISMO LEVE EM ADULTOS





Certa vez em conversa com uma pessoa da família sobre certos transtornos neurológicos e comportamentais conhecidos como TOC (transtorno obsessivo compulsivo), TDA (transtorno de déficit de atenção) e TEA (transtorno do espectro autista) eu falei em tom de brincadeira que me identificava muito com as características do autismo leve, o qual foi por muito tempo conhecido como síndrome de Asperger. No entanto atualmente essa nomenclatura foi descartada e até deixaram de considerar como “transtorno” sendo a definição mais atual SEA (síndrome do espectro autista).

Conversa vai, conversa vem sobre esse assunto (autismo leve), passei a ter um hiperfoco sobre ele pesquisando em sites e no You Tube. Nessa ocasião decidi fazer o teste de autismo leve com uma psicóloga, conhecido como protocolo AQ-10, e não foi surpresa sobre o resultado, no qual veio a confirmação do que eu já suspeitava,  que  possuo  90% de probabilidade de ter autismo leve. A psicóloga então me orientou no sentido de procurar um profissional especialista (neurologista ou neuropsicólogo), para um diagnóstico mais preciso. 

Imediatamente marquei uma consulta com o neurologista que me presta assistência no tratamento de enxaqueca crônica, oportunidade em que procurei saber sobre o diagnóstico de autismo. No entanto ele me informou que não poderia  prestar assistência quanto a esse diagnóstico, pois não é especialista nesse ramo da neurologia. Ele também me tranquilizou sobre o fato de possivelmente eu ter autismo leve, informando que isso não é considerado uma doença, sendo apenas uma síndrome comportamental ou variação neurológica,  pois nesse nível de autismo a cognição não é afetada, inclusive há autistas de nível 1 que são superdotados, com QI acima da média, citando como exemplo Albert Einstein, Bill Gates  e Elon Musk. Ele também informou que tem colegas médicos, bem como dois amigos magistrados, que são autistas em nível 1 e excelentes nas suas profissões. Com esses esclarecimentos fiquei mais tranquila. 

Em uma entrevista Bill Gates reconheceu que foi diagosticado certa vez  como autista de nível  leve,  tendo  características dessa síndrome como movimentos repetitivos (stimming) e dificuldade de interação social, comparando sua própria experiência com a de Elon Musk. No entanto  ele  não vê isso como um defeito, mas como uma qualidade que o ajudou no foco e paixão por seu trabalho, especialmente em softwares, embora ele também tenha aprendido a "camuflar" ou "moldar" o comportamento para não incomodar outras pessoas. 

Então passei a pesquisar mais sobre autismo leve em adultos e descobri que essa síndrome é mais comum do que eu imaginava, pois no Brasil 2,4 milhões de pessoas são diagnosticadas com espectro autista, o que representa 1,2 por cento da população.

Sobre o autismo leve, que é o foco deste artigo, ou autismo nível 1, na maioria das vezes é diagnosticado tardiamente, levando a pessoa a ter muitos prejuízos ao longo da vida, por ser considerada “esquisita” e por não se adequar de forma satisfatória com o que alguns consideram como comportamento normal. Na verdade o cérebro do autista funciona de forma diferente em certos aspectos da interação social e por isso muitos autistas de nível 1 sofrem bullyng na fase estudantil ou até mesmo no ambiente profissional.

Há ainda muita diversidade no espectro, que vai além dos níveis considerados como nível 1 (autismo leve), nível 2 ( autismo moderado) e nível 3 (autismo acentuado). No primeiro nível só é afetada a interação social e às vezes a  comunicação interpessoal, tendo completa independêcia e capacidade cognitiva, necessitando de suporte apenas a nível de terapia  com  psicólogo ou neuropsicólogo. No nível 2 a comunicação é afetada no geral e de forma mais acentuada, necessitando de suporte de terapia com neuropsicólogo e fonoaudiólogo. Porém nesse nível a cognição ainda  é preservada.

No nível 3 o suporte deve ser completo, pois há comprometimento cognitivo, necessitando de ajuda pessoal, além das terapias já mencionadas, pois nesse nível há dependência significativa. Em casos mais graves o autista de nível 3 tem a fala comprometida e não consegue se expressar verbalmente de forma satisfatória.

No autismo leve há ainda mais diversidade, dizem que há um tipo de autismo (leve) para cada autista do nível 1. Por isso o autismo é considerado como um “espectro”. Nesse nível de autismo a pessoa é capacitada para exercer qualquer profissão e tem completa independência. No entanto  pode, ao longo da vida, ter sérios prejuízos pessoais, caso seja diagnosticada tardiamente, pelo sentimento de  inadequadação, com a sensação de não pertencer ao grupo social no qual está inserida.

Ter o diagnóstico muitas vezes pode ser libertador, pois o autoconhecimento é uma ferramenta essencial para que a pessoa possa ter uma vida plena. Mesmo que tardiamente, buscar o diagnóstico é vital para que o autista possa, a partir disso, compreender suas limitações sociais e buscar ajuda profissional específica para esta síndrome, podendo resgatar sua auto estima e atenuar a ansiedade que o acomete, quando não tem a compreensão das outras pessoas sobre seu comportamento diferenciado da maioria.

Nas características do autismo leve em adultos são consideradas quatro situações: interações sociais, comunicação interpessoal, relacionamentos afetivos e por último, sinais comportamentais e sensoriais.


INTERAÇÕES SOCIAIS

  1. Dificuldade em fazer e manter amizades

  2. Evita conversas triviais

  3. Dificuldade em entender regras sociais implícitas

  4. Tendência a falar demais sobre seus interesses

  5. Sensação de estar atuando socialmente

  6. Dificuldade em entender ironia, sarcasmo ou duplo sentido

  7. Fala considerada rígida ou “ formal “ demais

  8. Tendência a evitar contato visual

  9. Sensação constante de não se encaixar

  10. Necessidade de pausas sociais


COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL

  1. Fala monótona ou pouco expressiva

  2. Dificuldade em interromper alguém (interlocutor) no momento certo

  3. Gesticulação limitada ou exagerada

  4. Respostas consideradas inapropriadas emocionalmente

  5. Necessidade de pensar muito antes de responder

  6. Heperracionalidade (racionaliza as emoções)

  7. Dificuldade em indiretas (não entende de imediato)

  8. Hiperfoco em temas de interesses

  9. Memória muito boa para detalhes incomuns

  10. Tendência a evitar o telefone (comunicação escrita é mais confortável)


RELACIONAMENTOS AFETIVOS

  1. Dificuldade de perceber sinais de interesse romântico

  2. Relacionamentos intensos, porém curtos

  3. Dificuldade de expressar afeto da maneira esperada

  4. Necessidade de rotina dentro do relacionamento

  5. Desconforto com toques físicos não esperados

  6. Sinceridade extrema

  7. Dificuldade em lidar com jogos emocionais

  8. Sensação de sempre estar dando mais do que recebe

  9. Interpretação literal de promessas ou falas

  10. Dificuldade em perceber mudanças sutis no tom emocional do/a parceiro/a


SINAIS COMPORTAMENTAIS E SENSORIAIS

  1. Hipersensibilidade (sensibilidade a sons, luzes,  odores e vibrações das pessoas e ambientes)

  2. Rigidez com horários e rotinas (sente-se desconfortável em mudanças na rotina)

  3. Interesses por sistemas, padrões,  listas e métodos (costuma ser  metódico)

  4. Comportamentos repetitivos ou rituais

  5. Exaustão social crônica (sente necessidade de isolamento para repor as energias  após interação social  mais  intensa)

Essas características acima são comentadas pela neuropsicóloga Raquel Pinheiro, especialista em autismo  em adultos.                                  






Obs. Imagem ilustrativa acima encontrada na web (google images), desconheço a autoria. 



segunda-feira, 25 de agosto de 2025

E por falar em PODER ...

Na última  vez que passei uma curta temporada de férias em Florianópolis com minha família,  fiquei hospedada por alguns dias em uma locação Airbnb. Ao chegar no local da hospedagem, gostei muito da decoração do apê, em especial  de  duas peças  bem sugestivas em cima do aparador na sala de  estar, o rei e  a  rainha do jogo de xadrez, na cor preta. De imediato imaginei aquelas peças na cor dourada, pois na minha casa não tenho peças decorativas pretas. Apesar de  achar  muito elegante decoração com  detalhes nesta cor, prefiro  estilo mais clean, em tons mais  claros, e gosto muito de peças  douradas. 

Achei as peças interessantes  e passei a refletir sobre quem seria mais poderoso, o rei ou a rainha? Antes de  tudo, refleti  sobre poder... O que significa  ter poder ou ser poderoso(a)? 

Nos meus  estudos de  teosofia  aprendi que o verdadeiro poder é o poder espiritual. Aprendi  também  quanto maior o poder, maior a responsabilidade no  seu uso. O poder, tanto o temporal  como o espiritual, usado de forma irrefletida  pode gerar  consequências,  conforme  o princípio da  causa  e  efeito. Por isso sempre devemos usar o poder, seja temporal, pessoal ou espiritual,  com sabedoria, responsabilidade e equilíbrio, no propósito de fazer o bem, tendo como inspiração o bom, o belo e  a justiça.

Sobre  as peças  decorativas do rei e  da rainha, por coincidência ou sincronicidade, talvez até pela  espionagem no celular via IA, que  deve ter acessado nas minhas conversas algo sobre as peças de xadrez mencionadas, passei a  receber mensagens no facebook  sobre quem  seria  mais poderoso no jogo de  xadrez, o rei ou a rainha? 

Pareceu-me, naquela ocasião,  um tema  sem muita importância,  para  mim pouco importa tal questão, não tenho o hábito de jogar  xadrez. Mas houve uma  época, ainda adolescente,  que eu  costumava jogar, no entanto  não me tornei uma assídua jogadora de  xadrez, até havia  esquecido  um pouco  sobre  como as peças  podem ser movimentadas  no tabuleiro. 

Relembro de um fato ocorrido, quando  eu me encontrava  na sala  de estar do apartamento em Florianópolis  e  resolvi abrir o portão da varanda. Nesse exato momento uma lufada de  vento entrou no recinto derrudando  o rei que estava em cima do aparador, quebrando a peça  na base da cruz (que representa a coroa). O rei ficou "descoroado", enquanto eu  fiquei apreensiva com o ocorrido. Objetos quebrados em casa sempre me deixam com uma sensação não muito boa. Imediatamente procurei uma cola  e por sorte encontrei uma super bonder na cozinha do apê, dentro da geladeira. 

Colei a coroa do rei. Em seguida  enviei uma mensagem pelo WhatsApp,  comunicando à anfitriã  do imóvel Airbnb sobre o ocorrido,  informando-a que eu iria restituir à  proprietária o valor para  reposição da peça. Na ocasião ficou combinado que seria feita a reposição das  duas peças, pois  a anfitriã informou que  eram vendidas somente  em conjunto.  Então pedi para  ela  me enviar a peça quebrada junto com a  rainha, quando fizesse a reposição com as novas peças. 

Ao retornar a Teresina, recebi  pelos correios as peças do rei e da rainha, que  já haviam sido substituídas no apê da locação pelas  novas peças. Por um bom tempo as duas peças, rei e a  rainha, ficaram em cima da mesinha de cabeceira do lado direito da minha cama. Eu sempre na intenção de mudar a cor de preto para dourado,  até  que em data recente  coloquei em prática essa idéia,  pintando de dourado as duas peças. 

O rei e  a  rainha,   agora  dourados, passaram da mesinha de  cabeceira para  o aparador da sala de  estar  do meu apê. O rei com a coroa restaurada, no entanto verfiquei que ainda há vestígios da emenda, na  base da  cruz que representa a coroa.

Percebi  que mesmo  restauradas, peças quebradas poderão não ficar como antes,  restando   vestígios das  emendas,  quando a restauração  não for muito bem sucedida, como nesse caso.  Fazendo uma analogia, posso dizer que mesmo recuperados de algum trauma ou uma grande dor moral, pode ocorrer que fiquem vestígios em nosso interior do trauma,  quando a recuperação não for bem sucedida, restando ainda uma "cicatriz" na  alma.    

No caso da peça restaurada, mesmo com a  "cicatriz"  no local onde  foi quebrada,  achei que o  rei  ficou bem  melhor na cor dourada. Deve ser mania de alguém como eu que  tem a lua em leão e  por isso  gosta de  imaginar   tudo  em  tons dourados, como são os  raios de sol. Na astrologia o sol, que rege o signo de  leão, simboliza o poder espiritual, assim como a  cor  dourada  representa  prosperidade, abundância, simbolizando também sabedoria, nobreza e poder.  


Ao receber as mensagens no facebook sobre o rei e a rainha no jogo de  xadrez,  passei  a refletir sobre quem teria mais poder,  voltando a ter interesse nesse jogo. Procurei relembrar  sobre os movimentos das peças, pois  essa mobilidade é  o fator que determina quais peças  são mais fortes no jogo.  A rainha pode mover-se em qualquer direção (horizontal, vertical e diagonal) e quantas casas quiser, o que a torna capaz de bloquear ataques diretos ao rei, podendo criar ameaças a outras peças do adversário, forçando-o a defender essas peças e, assim, indiretamente protegendo o rei. 

Portanto, no jogo de xadrez  a rainha é uma peça poderosa que frequentemente protege o rei, especialmente em situações críticas. Embora não seja uma regra formal, a rainha é frequentemente usada para bloquear ataques ao rei ou para criar ameaças que forcem o oponente a defender o seu rei, protegendo-o indiretamente. A rainha é a peça mais forte do jogo, com grande mobilidade, e sua habilidade em proteger o rei a torna uma peça valiosa e estratégica.

A rainha, devido à sua mobilidade e força, é frequentemente usada para liderar ataques, mas também para proteger o rei de ataques inimigos, agindo como uma peça de defesa multifuncional

A proteção do rei no xadrez é  crucial, pois  o objetivo  do jogo é dar xeque-mate no rei adversário, ou seja, ameaçá-lo de tal forma que ele não possa escapar do ataque. Portanto, manter o rei seguro é essencial para a vitória e  a rainha desempenha um papel importante nessa proteção. 

Em suma, embora não exista uma regra específica sobre a rainha protegendo o rei, a sua força e mobilidade a tornam uma peça crucial na defesa e proteção da peça mais importante, desempenhando um papel vital no xadrez. 

E o rei? Por que é tão importante  no jogo? Sem dúvidas o rei é a peça mais importante, pois sua captura resulta no fim do jogo, conhecido como "xeque-mate". Embora não seja a peça mais poderosa em termos de movimento (a rainha é mais forte), o objetivo principal de cada jogador é proteger seu rei e atacar o rei  do adversário. 

Fazendo uma analogia com o "jogo da  vida"  podemos  chegar à conclusão que o homem  pode estar em posição de liderança considerada mais importante (geralmente os líderes da humanidade são do gênero masculino),  no entanto sem  uma mulher para dele  cuidar  com sabedoria,  esse poder  de liderança de nada  adianta, pois  sem os cuidados da "dama" a força do "cavalheiro"  poderá ser  facilmente  minada. 

Portanto, de nada  adiante  o poder sem  a sabedoria  necessária, pois o  uso do poder,  como dito anteriormente,  requer muita responsabilidade e  retidão. Principalmente o uso do poder econômico, que propicia poder pessoal. O poder econômico pode construir  coisas belas,  caso utilizado com  sabedoria, ou pode ser um poder destrutivo, caso usado  de  forma  irracional. 

Na verdade o poder  é a  representação de um potencial, para que seja utilizado ou não.  O verdadeiro poder é aquele  que não sendo utilizado, é  respeitado e operado. Como exemplo podemos ter a seguinte situação: Vamos imaginar um ladrão  entrando em uma casa. O dono da  casa empunha sua arma de proteção pessoal. O ladrão tem duas  alternativas, ou corre e  vai embora ou persiste no propósito do roubo,  disparando a  arma que também traz consigo, optanto pela segunda alternativa.  No confronto com o ladrão, o dono da  casa é  atingido. 

Nesse caso, o mais sábio e  prudente  seria o dono da  casa  não usar o poder (temporal) que imaginava possuir ao empunhar sua  arma, correndo maior risco de ser atingido pelo ladrão. Poderia, em vez disso,  de  alguma  forma buscar naquele  momento e durante sua vida,  o poder espiritual  para sua autoproteção, pois  esse tipo de poder  não pode ser  atingido por arma física. 

Então vamos imaginar  a situação de outra forma: o dono da casa não empunha arma e o  ladrão, ao verificar que aquele  não porta  arma  para sua proteção pessoal, também não dispara a  arma que traz consigo,  utilizando-a apenas  como potencial ameaça. O dono da casa, por sua  vez,  confiando  no  poder da autoproteção espiritual,  sai ileso do assalto. Perde alguns bens materiais levados pelo assaltante, mas sua vida é preservada. 

Moral da  história: "De nada  vale o poder temporal usado sem sabedoria  e  sem o  poder  espiritual". 








quarta-feira, 18 de junho de 2025

O RIO E AS NUVENS


Era um bonito rio que encontrara seu caminho entre colinas, florestas e prados. Uma jubilosa corrente de água, sempre dançando e cantando enquanto descia do topo da montanha. Era muito jovem naquele tempo, e quando chegou na baixada diminuiu a velocidade. Estava pensando sobre ir até o oceano. Um dia notou as nuvens. Nuvens de todos os tipos, cores e formas. Não fez mais nada durante aqueles dias exceto perseguir as nuvens.

Queria possuir uma nuvem, ter uma só para ele. Mas as nuvens flutuavam e viajavam pelo céu, e sempre mudando suas formas. Às vezes pareciam com um urso, outras vezes pareciam com um cavalo. Por causa desta natureza das nuvens, o rio sofreu muito. Seu prazer, sua alegria tinha se tornado em perseguir as nuvens, uma depois da outra. E desesperada, raivosa e triste tornou-se sua vida. Então, um dia, veio um vento forte e levou todas as nuvens do céu. O céu ficou completamente vazio. O rio pensou que sua vida não tinha mais valor, não existiam mais quaisquer nuvens para perseguir. Quis morrer. - Se não existe nenhuma nuvem, para que eu devo viver? Mas como um rio pode tirar sua própria vida? Naquela noite o rio teve a oportunidade de voltar-se para si mesmo pela primeira vez. Ele tinha corrido, por tanto tempo, atrás de algo fora de si próprio que com isso nunca tinha se visto.

Naquela noite teve a primeira oportunidade de se ouvir: os sons da água colidindo contra as margens. Ao escutar sua própria voz, descobriu algo bastante importante.
 Percebeu que o que vinha procurando estava dentro de si mesmo. Descobriu que as nuvens não são nada além de água. As nuvens nascem da água e voltam à água. E descobriu que também era água. Na manhã seguinte, quando o sol brilhava no céu, descobriu algo novo e muito bonito. Viu o céu azul pela primeira vez. Nunca antes havia notado. Tinha estado interessado apenas nas nuvens, e deixara de perceber o céu, que é a casa de todas as nuvens.
Nuvens são mutáveis e inconstantes, mas o céu é estável. Só então percebeu o imenso céu que tinha estado em seu coração desde o inicio.

Esta percepção trouxe-lhe paz e felicidade. Vendo o vasto e maravilhoso céu azul, soube que sua paz e estabilidade nunca mais seriam perdidas. Naquela tarde as nuvens voltaram, mas desta vez não quis possuir nenhuma delas. Podia admirar a beleza de cada nuvem e podia sorrir para todas elas. Quando uma nuvem se aproximava, saudava com carinho e respeito. Quando a nuvem desejava ir embora, acenava feliz e com ternura. Paz e harmonia existiam entre o rio e as nuvens. Naquela noite outra coisa maravilhosa aconteceu. Ao abrir completamente o seu coração para o céu da noite, recebeu a imagem da lua cheia - bonita, redonda, como uma jóia rara - dentro de si. Jamais imaginara poder receber imagem tão bela. A fresca e bela lua viaja no céu.

Quando a mente - rio da vida - está livre, a imagem da bela lua refletirá em cada um. Assim estava a mente do rio naquele momento. Recebeu a imagem daquela lua em seu coração, e a água, as nuvens e a lua deram-se as mãos e caminharam vagarosamente
 em direção ao oceano.


ooOoo


Que o rio de cada um de nós possa refletir a bela lua que existe dentro do nosso coração.
 


  Recebi o texto por e-mail e desconheço a autoria